Quando entrei na Procriar pela primeira vez, eu tinha um sonho. Eu sabia que todas aquelas mulheres que lá estavam, sentadas na acolhedora sala de espera, nutriam do mesmo desejo que o meu. Era um misto estranho no ar de expectativas e temores, sorrisos e lágrimas. Até aí eu não entendia bem. Eu não entendia é nada! Cheguei com muita esperança, mas também um medo assombroso do desconhecido. Faz já alguns anos, é verdade, mas sou capaz de lembrar de todas as sensações como se tivessem acontecido ontem! Há uma coisa muito forte que move a mulher, quando esta decide que vai ser mãe. Foi assim comigo e não duvido que seja com todas elas. Meu problema não era a infertilidade, meu problema era a falta de um parceiro. A vida me deu muitos presentes, incontáveis, mas esse ela deixou de escanteio. E eu só queria ser mãe, não sabia bem como, só sabia que era chegada a minha hora e que esse desejo já gritava a plenos pulmões. Eu deveria mesmo parar de esperar a chegada do príncipe encantado montado no cavalo branco, enquanto continuava a descobri-los sapos. E assim, munida do meu legítimo desejo, descobri a Produção Independente e encontrei a ProCriar. Seria com a Procriar que eu teria um relacionamento então. rs

Se eu disser que lembro até do cheiro das salas, corredores, pode parecer mentira e fantasioso. Mas lembro. Recordo de cada cantinho, cada profissional que cruzou meu caminho. Mas para nomes, sou péssima! Por isso não tenho receio em dizer que todos, absolutamente todos os profissionais da Procriar tem seu cantinho no meu coração. Lembro até mesmo do gosto do cafezinho. Não gosto de café, mas, às vezes, tomava. Era o nervoso. Era o saber, talvez internamente, que eu estava prestes a realizar o meu grande sonho. Eu sentia, apenas, algo me dizia que tudo ficaria bem.

Mas aí eu conheci o médico que conduziria meu tratamento. O meu médico, Dr. Fábio Costa Peixoto, transmitindo uma segurança infinita em toda a sua conduta que me fez crer, sem nenhuma sombra de dúvida, que tudo daria certo. É claro que eu nunca falei para ele que sentia tanta segurança assim em tudo o que ele falava. Não iria jogar a responsabilidade por completo em suas mãos, pois, parte do tratamento também dependia de mim. E meu dever de casa eu fiz, aplicando as doses de injeções e hormônios e seus efeitos nunca muito agradáveis, tomando remédios e cumprindo horários rigorosamente, coisa que a caserna me ensinou. Da mesma forma, o meu médico fez a parte dele, culminando num feliz e abençoado tratamento.

Dr. Fábio, lembro-me que no dia da transferência, no momento que colocava o segundo embrião, ao ser verificado no microscópio se o mesmo tinha ficado onde deveria ficar, o senhor disse, num tom bem humorado: \" Opa, ele ainda está aqui, às vezes eles são fujões\". Bom… hoje eu consigo saber direitinho quem é o embriãozinho fujão!!! Ou melhor, fujona… mudou nadinha! rsrs

Dr. Fábio Peixoto, capítulo mais que importante nessa história. Obviamente, antes disso, minha passagem pela ProCriar não foi somente rosas. Teve alguns espinhos também. Mas apesar dos espinhos, a vida me ofereceu flores. E é por isso que vou me atentar apenas à elas. Minha eterna gratidão ao meu médico por fazer parte de tudo isso, tenho muito orgulho de tê-lo como representação do ser humano excepcional que tornou possível a chegada das minhas duas grandes bençãos: Otto e Maitê. Antes de qualquer médico trazê-los ao mundo por ocasião do parto, o senhor, Dr. Fábio, trouxe-os à oportunidade da vida, na condição de frágeis embriões que encontraram em meu ventre o amor necessário que precisavam para se desenvolver.

Eu tinha tanta certeza da gravidez após a transferência, que saí dali e nem foquei no repouso. Fui me alimentar e comprar o primeiro de muitos apetrechos dos bebês. E não indico ninguém a fazer isso.

Obrigada Procriar por todo suporte e por toda compreensão que ainda dispendem para comigo. Obrigada Nayara, Dra. Leci, Ana. E gostaria muito de lembrar o nome de todos. Mas para nomes, já falei lá em cima, não sou boa. Saudades de todos. Saudades de Belo Horizonte. Saudades a gente só sente do que fez bem pro coração da gente. Que Deus abençoe sempre o trabalho de vocês. E que abençoe todas as tentantes, para que sintam o mesmo que senti, ao abrir aquela tela do laboratório e dar de cara com um positivão. Aí sobre isso eu precisaria fazer um outro grande texto.

Atualmente meus filhos, Otto e Maitê farão dois anos de muita saúde e energia em Julho de 2020 e moramos no Rio de Janeiro (mas espero voltar logo, BH!).
Nesse tempinho estou descobrindo o que é amar de verdade. E descobrindo tantas outras coisas. E vendo que a vida é bem colorida ao lado de duas crianças. Não é fácil não. Não, não mesmo. Aliás… nem um pouco! Pra falar a verdade é muito difícil. Sou solo, ainda existe preconceito por aí… Mas compensa, nos transforma. Vale muito a pena. Para tê-los como meus filhos, toparia passar por tudo outra vez. Na verdade eu ainda penso… quem sabe? rs…

Encerro por aqui, afirmando que palavras nunca serão suficientes para expressar minha eterna gratidão. Obrigada por me permitirem viver essa experiência, crescer e aprender tanto como ser humano. Com certeza absoluta eu cheguei na Procriar uma menina com desejo de ser mãe. Saí mãe. E hoje eu vejo que sou uma mulher pronta para qualquer batalha.

Mais uma vez, obrigada, Que esse depoimento possa chegar ao conhecimento de todos da Procriar.